Quando aqueles olhinhos viram o fundo do poço, lá encontraram uma luz que se arrastava da borda até o fundo. O pai segurava aquela menininha que teimava em querer ver o que existia escondido lá dentro. O que viu, finalmente, foi uma luz que repousava sobre a água depositada.
Satisfeita, nunca mais se atreveu a repetir aquela sensação, pois a curiosidade tinha encontrado uma resposta.
Bem mais tarde, seus olhos já se detinham sobre a distante lua que iluminava seu pátio. Uma luz bem mais distante, mas que não lhe trazia temor algum. Apenas a fazia imaginar e, mesmo, enxergar elevações, como se fossem montanhas que sobressaíssem daquela distante esfera brilhante. Uma luz que, de lá, lhe anunciava haver a possibilidade de algum contato com alguém, com algo que sua imaginação de adolescente começava a tornar-se criativa.
Bem mais próxima dos dias atuais, esta luz adquiriu um novo significado, bem menos tangível, mas, nem por isto, menos real. Tão real que pode clarear o seu caminho, inundar-se com ela em cada amanhecer ou até mesmo vê-la em sonhos.
É a luz interior que nos possibilita sentir a sua força mesmo que o dia já se tenha ido, que seja escuro novamente. Mesmo que a lua não se apresente, esta outra luz nos permite caminhar em segurança por quaisquer veredas desta vida.
O que importa é ter presente a certeza de que o clarear, de que o amanhecer faz parte do ciclo pelo qual somos guiados.
Esta trajetória da luz, que nos acompanha desde o primeiro abrir de olhos, é perene. Contamos com ela e a compreendemos melhor com o passar do tempo.
Na época do poço, tudo era tangível. A lua, porém, já exigiu esforço maior de imaginação. Esta última, que nos acompanha e guia, é sentida: não precisa ser vista.
Pra que vê-la? O importante é senti-la e sabê-la presente.
Não importa o grau de escuridão que venhamos a enfrentar. O que faz a diferença entre os que sentem esta luz interior, e os que não a sentem, são a paz e a esperança que os primeiros desfrutam em maior intensidade. Saber-se guiado por ela faz toda a diferença.
O olhar da criança de ontem adquiriu a certeza que a procura da luz não foi em vão.
Lembrem que “um novo dia sempre vai raiar”.
Aguardem, companheiros de jornada!
Unidos em torno dessa LUZ, tudo vai clarear.
Samba Clareou – Diogo Nogueira e Orquestra Sinfônica Arte Viva
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