O amanhecer não se confundia com o anoitecer, nem a noite transformava-se em dia com um clarão que iluminasse a cidade por instantes. Cada vez mais nos distanciamos de uma realidade que a nós parecia comum, conhecida por todos.
Onde andará o sol iluminando o alvorecer?
E a lua oferecendo-se aos enamorados? Talvez, tenha desaparecido por sentir-se, hoje, tão sem importância num cenário romântico.
E as estrelas formando desenhos inspiradores?
Eram belos cenários que a Natureza nos brindava desde sempre. Hoje, essas presenças, no céu que nos cobre, não são tão mais frequentes, tampouco previsíveis.
A imprevisibilidade parece ser a tônica que move o planeta atualmente.
Seriam nossas próprias ações imprevisíveis, também? Não deveriam ser, para que a harmonia reinasse.
A paz e a harmonia dependem de uma construção sólida em que as ações humanas, também, influenciam a própria Natureza.
Os vendavais e a temperatura oscilante, ultrapassando os limites conhecidos de cada região do planeta, são indícios de que nossas atitudes estão favorecendo esses momentos imprevisíveis em que a Natureza tem se alterado de forma, por vezes, violenta.
Os novos cenários, que surgem sobre a superfície onde vivemos, são bastante preocupantes.
Lembremos que a superfície, quando mal tratada, altera o cenário que nossos olhos acostumaram-se a ver no céu, no nosso dia a dia.
Ah! Dirão alguns que isto de olhar o céu e de contar as estrelinhas é papo de criança. Não se fala, aqui, de contar estrelas. Fala-se da beleza de um céu iluminado, de uma noite estrelada. Fala-se de um sol nascendo, generoso, com seu brilho promissor ou de um entardecer em que seu brilho nos oferece um “gostinho de quero mais”.
A Natureza é um presente divino que nos cerca e nos cobre. E todo o presente deve ser guardado com carinho para nosso encantamento diário e resguardado para tanto.
Por que cenários?
Cenários lembram teatro, apresentações, shows. São montados e, após, desmontados. Enquanto montados, exercem o seu papel de forma adequada, a encantar a plateia. Quando desmontados, deixam saudades.
O cenário com que nós, humanos, fomos agraciados estava pronto quando aqui chegamos. Nossas atitudes é que favorecem o seu desmonte.
Da mesma forma, teremos saudades quando este cenário, mesmo que aos poucos, for sumindo.
Há quem acredite, e eu me incluo, que o processo de conscientização já exista e que possamos vencer os obstáculos impostos por governantes facínoras e que a humanidade, como um todo, edite, em conjunto, uma nova Ordem Mundial, pois todos amam a Vida. E a manutenção dela é o único caminho para que a utopia se concretize.
Embora Eduardo Hughes Galeano tenha dito que a Utopia serve para que eu não deixe de caminhar, se eu atingi-la outros motivos e objetivos existirão para que eu continue caminhando em busca de um aprimoramento das condições de vida. Ela deverá estar sempre presente, pois é ela que nos move e que pode nos fazer evoluir como seres humanos melhores.
A Utopia servirá para que nos esforcemos e venhamos a montar um cenário em que ambos, governantes e governados, sejam partícipes de um sonho comum que, se concretizado, terá atingido o que almejava o Criador do belo cenário: a manutenção da Vida plena, harmoniosa e pacífica a todos que por aqui estejam ou venham a passar.
Este cenário seria uma conquista e a prova de nossa evolução.