A comunicação entre nós, seres humanos, deve repousar na língua escrita, bem como na oral, quando necessário.
O que o whats possibilita? A comunicação imediata e contínua.
Refletir e expor ideias exige textos e não apenas frases soltas.
O celular apenas nos mantém informados. Caberá a cada um de nós buscar fontes escritas e analisá-las, sob vários aspectos, para verificar sua veracidade. Diante dessa constatação, nosso fazer literário será o responsável pela análise interpretativa.
Outro importante aspecto são as imagens.
Elas, geralmente, são reveladoras de verdades nem sempre interpretadas de forma correta.
Diante de tudo isso, observa-se que a dúvida perpassa em inúmeros momentos.
O fato é que vivemos, nos dias atuais, com incertezas constantes.
As imagens oriundas dos estádios de futebol são, atualmente, ao que parece, verdadeiras. Elas revelam as emoções, o sentimento de alegria, de expectativa, de euforia. Atualmente, infelizmente, apresentam momentos de agressão entre os jogadores durante o jogo. Também entre a torcida que, quando perdedora, apresenta sua insatisfação através de agressões mútuas, dentro e fora dos estádios.
Será que a violência é um traço humano que, atualmente, faz parte do cotidiano, independentemente do local onde se encontre?
O que será que está tornando o ser humano cada vez mais agressivo?
A resposta é uma incógnita e ninguém está preocupado em achar um motivo ou uma razão.
Agora, se houvesse normas rígidas que punissem tais atitudes, esses momentos de agressão não seriam corriqueiros.
A Educação poderá ser um excelente canal de transformação.
Está faltando um posicionamento da sociedade exigindo das autoridades competentes regras e normas para serem aplicadas.
Não sei se, algum dia, não mais usaremos a caneta ou o lápis para irmos juntando letra por letra e construindo palavra por palavra. Talvez, percamos a habilidade manual de desenharmos as letras. Esse construir que exige paciência e bem mais tempo do que um clicar numa tecla ou encostar o dedo sobre uma letra em uma tela.
O que sei é que precisaremos continuar a nos derramar em versos, isso para aqueles que assim se expressam. Para os demais, a correnteza de palavras, que jorra ideias em textos bem elaborados, deverá permanecer existindo, igualmente.
Nada mais humano do que pensar. Expor essa reflexão num texto, porque ainda não cercearam, pelo menos em regimes não totalitários, essa capacidade humana de expressão, é o objetivo concreto do pensar.
Escrever é preciso, porque leitores existem para todos os gêneros literários.
Há quem preferirá ler num tablet o que, para alguns tipos de textos narrativos, como um romance, por exemplo, será algo meio complicado. Acho que se perderá, dado o volume de páginas e o tipo de mídia impressa, aquela sensação de individualidade que cada um imprime no ato da leitura como virar a página, fazer observações à margem do texto, desligar-se do entorno, suspender a leitura com a devida marcação, coisas desse gênero. Para textos menores, como poesias e crônicas, não haverá maiores problemas, creio.
Esse, talvez, seja um pensamento obsoleto. Mas o homem continua o mesmo na essência. Precisa deixar suas marcas naquilo que se encontra em suas mãos. É como se fosse um carimbo individual. Poderá, um dia, voltar a folhear as mesmas páginas e lá encontrar uma mancha sobre a página 30, marca indelével de uma lágrima que lá permaneceu junto às anotações ao pé da página. Devaneio? Coisas dos séculos passados? Não sei, não!
Para mim o ser humano continua sendo o mesmo da época da escrita cuneiforme, dos hieróglifos ou já dos tipos móveis de Johannes Gutenberg. Razão e sentimentos foram, sim, aprimorando-se. O processo civilizatório trouxe esse benefício. O que não pode ocorrer é um retrocesso como a possibilidade de perder-se a capacidade de crítica por faltar o exercício do pensar. É necessário que se cultivem formas de reflexão desde tenra idade, ainda na Escola Fundamental, para que não se formem cidadãos multiplicadores de discursos impostos, ardilosamente, por quaisquer detentores de poder.
Por isso, grupos formadores de opinião, abertos ao diálogo, que propiciem esse ambiente, sempre serão bem-vindos. Programas de debates na mídia televisiva, associações culturais voltadas às artes, à literatura e projetos educativos, que visem ao desenvolvimento de capacidades na área do pensamento, são grandes alavancas para uma sociedade que busca o desenvolvimento verdadeiro para todos.
É necessário que coloquemos nossas ideias para o grupo e oportunizemos ao outro a mesma possibilidade. Assim, acredito, constrói-se uma sociedade: a partir do consenso obtido dessa exposição, através da reflexão.
E nada melhor do que aprender a pensar e refletir. Depois? Colocar no papel o produto da reflexão. Isso se aprende na escola. É para isso que ela existe. Mas, esse já é um assunto para outra crônica.
O que importa é alertar para a necessidade de se cultivar o hábito da leitura e da escrita.
Para quem aprecia versos, seguem dois tímidos exemplos.
Há, porém, quem necessite, mesmo poetando musicalmente, dizer ao seu amor que o ensine a escrever, para que ele, seu admirador, possa fazer um poema a ela, mesmo que esse não saia bonito. É o que, no vídeo abaixo, nos entrega Oswaldo Montenegro.
É! Escrever é preciso. Está no nosso DNA.
Do poeta Mario Quintana, de sua CARTA, publicada no Caderno H, extraímos esse trecho que descreve parte do trabalho poético, referindo-se, também, aos textos discursivos e expositivos.
“Quanto a escrever para os contemporâneos, está muito bem, mas como é que vais saber quem são os teus contemporâneos? A única contemporaneidade que existe é a da contingência política e social, porque estamos mergulhados nela, mas isto compete melhor aos discursivos e expositivos, aos oradores e catedráticos. Que sobra então para a poesia? – perguntarás. E eu te respondo que sobras tu. Achas pouco? Não me refiro à tua pessoa, refiro-me ao teu eu, que transcende os teus limites pessoais, mergulhando no humano. O Profeta diz a todos: “eu vos trago a Verdade”, enquanto o poeta, mais humildemente, limita-se a dizer a cada um: “eu te trago a minha verdade”. E o poeta, quanto mais individual, mais universal, pois cada homem, qualquer que seja o condicionamento do meio e da época, só vem a compreender e amar o que é essencialmente humano”.
O homem, reafirmo eu, continua o mesmo na sua essência: pensante, reflexivo e dotado da capacidade de compreender e amar. Daí sua universalidade. Cabe à sociedade, que se diz civilizada, aprimorar essas marcas que o distinguem dos demais seres.
Pensar e Escrever são características próprias desse ser. Por conseguinte, a capacidade criativa em todos os campos do pensamento é a sua marca. E são ideias e não força que mudam o mundo. É o que diz a conhecida frase, transformada em chamada provocativa pela Globo News.
Portanto, devemos nelas investir para melhorarmos a espécie humana.